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O folclore de Carrancas está vivo até os dias de hoje em manifestações culturais como a Congada e a Folia de Reis, que mostram a criatividade e a importância que a população dá para sua história. É na religiosidade que se conhece mais do lugar, e acompanhar a saída da Congada no início da manhã é realmente um momento especial.

A Congada
A congada é uma festa de tradição afro-brasileira originada com a lenda de Chico-Rei e com devoção a Nossa Senhora do Rosário, realizada no mês de outubro em Carrancas.
A festa tem início uma semana antes com a fincada do mastro em frente à capela de Nª Sra. do Rosário, ponto mais alto da cidade.
No dia principal faz-se a alvorada, por volta das 05:00h, cantando e dançando em varias ruas da cidade. Depois aguarda-se a chegada dos ternos convidados oriundos de outros municípios da região, para a festa e é oferecido o café da manhã e almoço. À tarde todos se reúnem para buscar o rei e a rainha e então começa a procissão com a imagem de Nossa Senhora pelas ruas principais da cidade até a igreja onde é realizada uma missa. Terminada esta, todos os ternos se dirigem para a capela, reverenciam Nossa Senhora e retiram o mastro dando encerramento à festa.
Instrumentos musicais usados: tamborim (tocado pelo capitão), caixas, canzás de bambu, sanfona, pandeiro e violão.
Capitão-mor - Sr. Jair Felipe.
O Congadeiro trabalha por 7 anos e o Rei e a Rainha são trocados a cada 7 anos.


Para saber mais sobre a Congada...
A lenda de Chico-Rei nos conta que a origem das festas do Congado está ligada à Igreja Nossa Senhora do Rosário, situada na antiga Vila Rica. Segundo a lenda, o escravo batizado com o nome de Chico-Rei, viera da África com outros membros de sua família. Na sofrida viagem, rumo às Novas Terras, Francisco perdera a mulher e seus filhos, com exceção de um. Chico-Rei se instalou em Vila Rica e com o passar do tempo, com as economias obtidas no trabalho aos domingos e dias santos, conseguiu a alforria do filho. Posteriormente, obteve a própria alforria e a dos demais súditos de sua nação que lhe apelidaram de Chico-Rei. Unidos a ele, pelos laços de submissão e solidariedade, adquiriram a riquíssima mina da Escandideira. Casado com a nova rainha, a autoridade e o prestígio do "rei preto" sobre os de sua raça foi crescendo. Organizaram a Irmandade do Rosário e Santa Efigênia, levantando pedra a pedra, com recursos próprios, a Igreja do Alto da Cruz. Por ocasião da festa dos Reis Magos, em janeiro, e na de Nossa Senhora do Rosário, em outubro, havia grandes solenidades típicas, que foram generalizadas com o nome de "Reisados". Nestas festas, Chico-Rei, de coroa e cetro, e sua côrte apareciam lá pelas 10 horas, pouco antes da missa cantada, apresentando-se com a rainha, os príncipes, os dignatários de sua realeza, cobertos de ricos mantos e trajes de gala bordados a ouro, precedidos de batedores e seguidos de músicos e dançarinos, batendo caxambus, pandeiros, marimbás e canzás, entoando ladainhas


A Folia de Reis
A Folia de Reis ou Reisado é um auto popular que procura rememorar a jornada dos reis Magos, a partir do momento em que eles recebem o aviso do nascimento do Messias, até a hora em que encontram o Deus-menino na lapinha. Fazendo parte, pois, do ciclo natalino, o cortejo de foliões desfila cantando no campo ou pelas ruas das cidades.
A presença dos palhaços tem sido um elemento constante nas Folias. Segundo explicação dos próprios foliões, os mascarados representam o mal, sendo a concretização dos soldados de Herodes ou do próprio demônio. Com essa vinculação ao mal, os palhaços seriam impedidos de tocar a bandeira sagrada da Folia, nunca podendo ficar à sua frente no cortejo. Há outras interdições para os palhaços, como a impossibilidade de se aproximarem do presépio ou, em alguns casos, de só entrarem na casa visitada após os cantos finais, ainda assim retirando as máscaras.
Por todas as análises já vistas, a Folia de Reis dos Arturos se apresentou como uma incógnita a ser decifrada. Diferentemente dos modelos analisados, os palhaços constituem o elemento sagrado da festa. E, mais do que isso, são a representação direta dos reis Gaspar, Melchior e Baltazar. Outro fato marca a sacralidade dos mascarados: é sempre um deles que porta a bandeira.
Segundo o mito, quando os três Reis Magos fugiram de Herodes, Gaspar e Melchior se envergonharam de andar em companhia do negro Baltazar e resolveram desfazer-se de sua presença. Acordando bem cedo, seguiram caminho, enquanto o companheiro permanecia na estalagem. Pela manhã, ao levantar, Baltazar soube que os companheiros já haviam partido. Longe de se magoar, orou a Deus pedindo orientação e seguiu seu destino. A estrela luminosa o conduziu prontamente à gruta de Belém, onde se maravilhou com a graça de se ajoelhar diante da criança divina. Jesus-menino lhe acariciou a pele negra dizendo: " - Porque foste bom e alegre, eu te conduzi a minha presença. ès bendto entre todos os reis e terás para sempre o dom da alegria e da juventude."
Passou-se muito tempo antes da chegada dos outros Reis: sofrendo os rigores da temperatura e as asperezas do caminho, um chegou velho e alquebrado ( Gaspar ), enquanto o outro, trêmulo e de andar hesitante, parecia sentir todo o frio do mundo ( Belchior ).
O mito nos coloca diante dos três palhaços da Folia dos Arturos, caracterizando a gênese da festa: o negro Bastião, o alegre e saltitante homem das perguntas e das brincadeiras; o Véio, representante da decrepitude dos que seguem os percursos mais longos para chegar à Verdade; e o Friage, o mascarado que só treme e gagueja sentindo o frio dos que renegam a alegria e a humildade.
A fundamentação mítica que conta a história do rei negro resgatado por Jesus foi a origem da Folia que Arthur Camilo Silvério ensinou a seus filhos. A resistência étnica que norteou a fundação da comunidade dos Arturos se refaz e se reforça numa festa que celebra a comunhão da família celeste e da família humana.